Neoindustrialização: o que é e papel na indústria brasileira

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Giovanna CipulloGiovanna Cipullo

ATUALIZADO EM:

20 de Janeiro de 2025

O Brasil tem um histórico industrial significativo que remonta ao século 20, quando a indústria representava uma parcela importante do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. 

No entanto, nas últimas décadas, o país enfrentou um processo de desindustrialização que afetou gravemente sua competitividade global e seu crescimento econômico. 

Sendo assim, a resposta a esses desafios surge com a neoindustrialização, uma abordagem inovadora e estratégica que busca não apenas recuperar o setor industrial, mas transformá-lo em um motor de crescimento sustentável, tecnológico e inclusivo.

O que é neoindustrialização?

neoindustrialização

A neoindustrialização é o processo de modernização e reestruturação da indústria, que incorpora avanços tecnológicos, práticas sustentáveis e novos modelos de gestão. Diferente da reindustrialização, que se concentra em reaquecer a atividade industrial após crises, a neoindustrialização propõe uma transformação estrutural profunda. Essa abordagem alinha-se às exigências globais por maior eficiência, redução de impactos ambientais e integração tecnológica.

Em suma, é por meio da neoindustrialização que o Brasil tem a oportunidade de reposicionar sua indústria, adotando práticas que promovam inovação, menor pegada de carbono e maior inserção em cadeias globais de valor. Em essência, a neoindustrialização busca não apenas recuperar a participação industrial no PIB, mas também estabelecer o país como líder em práticas sustentáveis e tecnologia de ponta.

Por que o Brasil precisa da neoindustrialização?

A necessidade de implementar a neoindustrialização é evidente ao observarmos o contexto atual da economia brasileira. A perda de participação industrial no PIB, a competitividade reduzida no cenário global e a alta dependência de commodities são desafios que precisam ser enfrentados.

Além disso, as demandas do mercado global exigem que a produção seja cada vez mais eficiente, ambientalmente responsável e tecnologicamente avançada. O Brasil, com sua rica biodiversidade e recursos naturais, está estrategicamente posicionado para liderar essa transição. 

Portanto, adotar práticas industriais que respeitem o meio ambiente e promovam a sustentabilidade pode não apenas melhorar a competitividade da indústria brasileira, mas também reforçar sua imagem como potência verde.

De acordo com o Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, a neoindustrialização é uma prioridade do governo federal. Esse plano integra desenvolvimento econômico sustentável com outras políticas nacionais, como educação e combate à fome, criando uma abordagem coordenada para transformar a indústria brasileira.

Iniciativas e projetos do governo

O governo brasileiro tem apostado na neoindustrialização como uma estratégia central para revitalizar e modernizar a indústria nacional, alinhando-a às demandas globais de sustentabilidade e inovação tecnológica.

Sendo assim, para alcançar esses objetivos, foram lançados programas ambiciosos que combinam investimentos robustos, parcerias institucionais e uma visão estratégica de longo prazo.

As iniciativas incluem a Nova Indústria Brasil (NIB),o Plano Mais Produção (P+P),o Programa Mobilidade Verde e Inovação (MOVER) e o Projeto de Lei do BNDES Eximbank. Em resumo, essas ações visam fortalecer cadeias produtivas, estimular a descarbonização e modernizar o setor industrial brasileiro, tornando-o mais competitivo no mercado global.

  • Nova Indústria Brasil (NIB)

A Nova Indústria Brasil (NIB) é o pilar estratégico que estabelece seis missões prioritárias para transformar o setor industrial. Essas missões promovem a integração de práticas sustentáveis, inovação tecnológica e maior eficiência produtiva.

💡Leia o plano de ação do NIB aqui!

Missões prioritárias da NIB

  1. Transição Energética e Sustentabilidade: Incentivar o uso de energias renováveis, descarbonizar processos produtivos e integrar práticas industriais mais limpas para atender às exigências globais de redução da pegada de carbono.
  2. Mobilidade Sustentável e Inovação: Modernizar o setor automotivo, desenvolvendo veículos elétricos, híbridos e movidos a hidrogênio, promovendo eficiência energética e menor impacto ambiental.
  3. Saúde e Biotecnologia: Reduzir a dependência de importações por meio do fortalecimento da produção nacional de medicamentos, equipamentos médicos e insumos, garantindo autossuficiência na área da saúde.
  4. Agroindústria Sustentável e Tecnológica: Aumentar a produtividade e sustentabilidade do setor agrícola por meio de tecnologias avançadas, como inteligência artificial e IoT (Internet das Coisas).
  5. Indústria 4.0 e Transformação Digital: Digitalizar e automatizar as indústrias, implementando robótica, big data e inteligência artificial para ampliar a competitividade global.
  6. Economia Circular e Reciclagem: Adotar práticas de reaproveitamento de materiais e resíduos, promovendo uma economia circular que reduz desperdícios e aumenta a sustentabilidade dos produtos.
  • Plano Mais Produção (P+P)

O Plano Mais Produção (P+P) é uma das principais iniciativas para financiar a modernização da indústria. Com recursos ampliados para R$ 405,7 bilhões, o P+P conta com o apoio de instituições como BNDES, FINEP e Embrapii.

Objetivos do P+P

  • Fomentar a inovação tecnológica em cadeias produtivas estratégicas.
  • Elevar a produtividade industrial, reduzindo custos e otimizando processos.
  • Estimular a exportação de produtos com maior valor agregado.

Em suma, essa iniciativa tem um papel crucial para fortalecer a competitividade brasileira no mercado internacional, especialmente em setores como tecnologia e agroindústria.

  • Programa Mobilidade Verde e Inovação (MOVER)

O MOVER é um programa que simboliza o compromisso do Brasil com a descarbonização do setor automotivo. Destinando R$ 19,3 bilhões ao desenvolvimento de tecnologias limpas, o programa foca na produção de veículos sustentáveis e na redução de emissões de carbono.

Destaques do MOVER

  • Investimentos em veículos elétricos, híbridos e movidos a hidrogênio.
  • Incentivos fiscais para empresas que adotam práticas sustentáveis.
  • Parcerias entre empresas privadas e instituições de pesquisa para desenvolver tecnologias inovadoras.

O MOVER reforça a posição do Brasil como um potencial líder em mobilidade sustentável, atendendo às demandas de mercados globais cada vez mais comprometidos com práticas ambientais responsáveis.

  • Projeto de Lei do BNDES Eximbank

Por fim, temos o Projeto de Lei do BNDES Eximbank, que busca alinhar as práticas brasileiras aos padrões internacionais de financiamento e exportação. Essa proposta tem como objetivo potencializar a presença do Brasil no mercado global e facilitar o acesso de empresas nacionais a novos clientes internacionais.

Principais objetivos

  • Criar mecanismos que facilitem o financiamento de exportações.
  • Apoiar empresas brasileiras na inserção em cadeias globais de valor.
  • Estabelecer parcerias estratégicas com outros países e organizações internacionais.

Com essa iniciativa, o governo busca impulsionar a competitividade brasileira e expandir sua atuação no comércio internacional, fortalecendo setores como tecnologia, energia renovável e manufatura.

Esses programas demonstram o compromisso do governo em reposicionar a indústria brasileira como protagonista no cenário global, por meio de práticas sustentáveis e avanços tecnológicos. Cada iniciativa contribui para transformar o Brasil em um país mais inovador, competitivo e ambientalmente responsável.

Desafios e críticas

Apesar das promessas de transformação, a neoindustrialização enfrenta desafios consideráveis. Um dos principais obstáculos é o conhecido “Custo Brasil”, que se refere aos altos custos operacionais no país devido à burocracia excessiva, infraestrutura deficitária e carga tributária elevada. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI),para que o plano tenha sucesso, é essencial que o governo promova políticas de simplificação tributária, modernização de infraestrutura e incentivo à pesquisa e desenvolvimento.

Além disso, a reconciliação entre metas ambientais ambiciosas e incentivos à produção industrial é outro ponto sensível. Críticos apontam contradições, como subsídios à compra de veículos movidos a combustíveis fósseis, que vão contra os objetivos de descarbonização.

Colaboração internacional e o papel da inovação

A colaboração internacional é um componente essencial para o sucesso da neoindustrialização.

Ou seja, parcerias com outros países e organizações internacionais podem trazer acesso a tecnologias de ponta, além de ampliar o mercado para produtos brasileiros. No contexto dos BRICS, por exemplo, o Brasil pode explorar alianças estratégicas para integrar-se ainda mais às cadeias globais de valor.

Além disso, outro ponto crucial é a integração entre universidades, institutos de pesquisa e o setor industrial. Essa interação fomenta a inovação, garantindo que o Brasil esteja na vanguarda de descobertas tecnológicas. Especialistas destacam que um fluxo contínuo de ideias entre academia e indústria pode acelerar o desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e sustentáveis.

Oportunidades e futuro da neoindustrialização no Brasil

Se implementada com sucesso, a neoindustrialização pode transformar o Brasil em um exemplo global de crescimento industrial sustentável. A modernização da infraestrutura, a capacitação da força de trabalho e o fortalecimento das cadeias produtivas são elementos que podem impulsionar o país rumo a uma economia mais diversificada e competitiva.

Os esforços do governo, aliados ao compromisso do setor privado, criam um ambiente propício para avanços significativos. A promessa de uma indústria brasileira mais limpa, eficiente e tecnologicamente avançada não é apenas uma aspiração, mas uma necessidade para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais interconectado e exigente.

Como ressaltado por especialistas, a neoindustrialização não é apenas uma estratégia econômica, mas também um caminho para o Brasil assumir seu papel como protagonista na economia verde mundial. Com projetos robustos e visão estratégica, o país pode se posicionar como líder em sustentabilidade e inovação industrial, criando um futuro próspero e resiliente.

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Formada em Jornalismo e pós-graduada em Assessoria de Imprensa, Gestão de Comunicação e Marketing, atua como coordenadora de marketing na Viasoft Korp.

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