A teoria das restrições (TOC, na sigla em inglês) é uma abordagem de gestão que se concentra em identificar e gerenciar as restrições (ou gargalos) em um sistema para melhorar sua eficiência e desempenho.
Na produção industrial, a aplicação da TOC tem como objetivo identificar e gerenciar os gargalos do processo produtivo, maximizando a produção e minimizando os custos.
No artigo, explicamos o que é a teoria, suas principais aplicações e benefícios. Confira!
O que é a Teoria das Restrições?
Antes de qualquer coisa, você precisa entender o princípio da TOC (Theory of Constraints): “um sistema é tão forte quanto a sua restrição mais fraca”.
Isso significa que o desempenho de um sistema pode se limitar pela sua restrição mais fraca. Então, melhorar o desempenho dessa restrição é a chave para melhorar o desempenho geral do sistema.
Entretanto, de forma mais explicativa, a Teoria das Restrições é uma abordagem de gerenciamento de sistemas que se baseia na ideia de que os sistemas podem se limitar por uma ou mais restrições (também chamadas de gargalos) que impedem que o sistema atinja seu potencial máximo.
A teoria enfatiza a importância de identificar as restrições críticas e, em seguida, concentrar esforços para melhorar o desempenho da restrição, a fim de melhorar o desempenho geral do sistema.
Além disso, a TOC propõe uma abordagem sistemática para resolver problemas, que envolve a identificação das causas-raiz, a geração de soluções alternativas e a seleção da melhor solução.
Como a Teoria das Restrições surgiu?
A Teoria das Restrições (TOC) foi desenvolvida por Eliyahu Goldratt, um físico israelense que mais tarde se tornou um consultor de gerenciamento. Goldratt desenvolveu a TOC no início da década de 1980, enquanto trabalhava como consultor em uma fábrica de produção de discos magnéticos.
A ideia central da TOC surgiu quando Goldratt percebeu que a fábrica enfrentava um gargalo em seu processo de produção. Ele reparou que o gargalo limitava a capacidade total da fábrica e que a solução para melhorar o desempenho geral do sistema seria concentrar esforços na melhoria do gargalo.
A partir desse insight, Goldratt desenvolveu a Teoria das Restrições, que propõe que a eficiência de um sistema pode se limitar por uma ou mais restrições que impedem que o sistema atinja seu potencial máximo.
A TOC enfatiza a importância de identificar a restrição crítica, concentrar esforços em melhorar seu desempenho e, em seguida, avaliar os efeitos de qualquer mudança na restrição crítica em todo o sistema.
Onde aplicar a Teoria das Restrições (TOC)?
A TOC é frequentemente aplicada em contextos de produção, manufatura e logística, mas pode ser utilizada em qualquer tipo de sistema que possua restrições.
A abordagem tem sido bem sucedida em ajudar as empresas a aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar o desempenho geral do sistema.
Para você entender melhor, imagine que uma fábrica produz determinado produto em um processo de múltiplas etapas.
Agora, suponha que a restrição crítica seja uma máquina que processa uma determinada parte do produto. A abordagem da TOC iria concentrar esforços para melhorar o desempenho dessa máquina, por exemplo, aumentando sua capacidade, reduzindo o tempo de inatividade e aumentando a eficiência de manutenção.
Além disso, a TOC iria considerar os impactos de qualquer mudança na restrição crítica em todo o sistema de produção, incluindo o impacto nas outras etapas do processo. Por exemplo, a melhoria da capacidade da máquina crítica pode exigir ajustes nas etapas anteriores ou posteriores do processo de produção.
Dessa forma, a abordagem da TOC ajuda a otimizar todo o processo de produção, melhorando o desempenho geral e reduzindo os custos de produção.
Como aplicar a Teoria das Restrições na indústria?
Para aplicar a TOC no controle produtivo de uma indústria, é necessário seguir alguns passos:
- Identificação da restrição:
O primeiro passo é identificar a restrição do processo produtivo. A restrição pode ser um equipamento, uma etapa do processo ou até mesmo uma pessoa.
- Exploração da restrição:
Depois de identificar a restrição, é preciso explorá-la ao máximo para utilizá-la de forma eficiente. Sendo assim, pode envolver a adoção de medidas como o aumento do tempo de funcionamento, o aumento da capacidade de produção ou a redução do tempo de setup.
- Subordinação das outras áreas à restrição:
A terceira etapa é subordinar todas as outras áreas da produção à restrição identificada. Desse modo, significa que todas as outras atividades devem ser programadas de forma a garantir que a restrição não fique ociosa. Por exemplo, se a restrição é um equipamento, as atividades devem ser programadas para que ele esteja sempre em funcionamento.
- Elevação da restrição:
Se a restrição não puder ser explorada ou subordinada de forma eficiente, é necessário tomar medidas para elevá-la. Isso pode envolver a aquisição de um novo equipamento, a contratação de mais funcionários ou a adoção de novas tecnologias.
- Repetição do processo:
Depois de aplicar essas medidas, é preciso repetir o processo para identificar novas restrições e garantir a otimização do sistema.
Como fazer o monitoramento da Teoria das Restrições?
O monitoramento é uma etapa fundamental para garantir a eficácia da aplicação da teoria das restrições (TOC) no controle produtivo de uma indústria.
Por isso, existem diversas ferramentas e métodos que podem ser utilizados para monitorar e avaliar a eficiência do sistema produtivo, como:
- Indicadores de desempenho: São métricas que permitem medir o desempenho do sistema produtivo, como tempo de ciclo, taxa de retrabalho, eficiência da máquina, entre outros. Você pode monitorar e comparar esses indicadores ao longo do tempo para identificar tendências e pontos de melhoria.
- Análise de dados: A análise de dados é uma ferramenta poderosa para identificar padrões e tendências no desempenho do sistema produtivo. Com o uso de softwares de análise de dados, é possível identificar gargalos, oportunidades de melhoria e padrões de consumo de insumos, por exemplo.
- Checklists: Os checklists são listas de verificação que permitem avaliar a conformidade dos processos produtivos em relação aos padrões estabelecidos. Eles podem ser utilizados para monitorar a qualidade do produto, a manutenção dos equipamentos e o cumprimento de normas e regulamentações.
- Feedback dos funcionários: Os funcionários que trabalham diretamente na linha de produção podem oferecer valiosas informações sobre os processos produtivos e identificar oportunidades de melhoria. É importante estimular a participação dos funcionários no processo de monitoramento e incentivar a comunicação aberta e honesta.
Independentemente da ferramenta utilizada, é importante realizar o monitoramento de forma sistemática e regular para garantir que o sistema produtivo esteja sempre sendo avaliado e aprimorado. Além disso, os dados coletados devem ser analisados de forma crítica e utilizados para tomar decisões informadas sobre a gestão do sistema produtivo.
Quais são os tipos de restrições mais comuns?
Existem inúmeros tipos de restrições possíveis que podem limitar um sistema e/ou processo pois esses gargalos tendem a ser relativos em cada negócio. Entretanto, conseguimos elencar as restrições mais comuns:
- Restrições físicas: são limitações quanto ao equipamento, infraestrutura ou recursos físicos, como capacidade de produção, espaço de armazenamento, capacidade de transporte, entre outros.
- Restrições de mercado: são limitações sobre a demanda do mercado, como falta de demanda para um produto ou serviço específico, limitações regulatórias ou políticas, ou restrições de acesso ao mercado.
- Restrições de capacidade de mão de obra: são limitações relacionadas à disponibilidade ou habilidades da mão de obra, como falta de pessoal qualificado, problemas de treinamento, excesso de trabalho ou absenteísmo.
- Restrições financeiras: são limitações quanto ao capital disponível, como falta de financiamento ou orçamentos limitados.
- Restrições de conhecimento ou tecnologia: são limitações sobre a falta de conhecimento ou tecnologia para resolver um problema ou atingir um objetivo.
- Restrições de tempo: São restrições relacionadas ao tempo, como o prazo de entrega de um produto ou a disponibilidade de recursos em um determinado período de tempo.
Teoria das Restrições e o sistema APS
A Teoria das Restrições (TOC) e o sistema APS (Advanced Planning and Scheduling) têm uma correlação importante porque ambos se concentram na otimização do processo produtivo.
A TOC é uma metodologia que se baseia na identificação e gestão das restrições do sistema, enquanto um sistema APS é uma ferramenta que utiliza algoritmos avançados para planejar e programar a produção.
Portanto, a combinação dessas duas abordagens pode levar a uma melhoria significativa no processo produtivo, permitindo que a empresa otimize a sua produção e aumente a sua eficiência e rentabilidade.
Por exemplo, um sistema APS pode ajudar a aplicar a TOC em um processo produtivo identificando a restrição principal e fornecendo informações sobre a capacidade disponível e as ordens de produção pendentes.
Com base nessas informações, a TOC pode ajudar a definir a sequência ideal de produção, determinando quais produtos devem ser produzidos primeiro e quais devem ser adiados.
O sistema APS pode então traduzir essa sequência em um plano de produção diário, otimizando a utilização da capacidade e minimizando o tempo de espera entre as diferentes fases da produção.
Além disso, a TOC e um sistema APS podem operar em conjunto para monitorar o desempenho da produção em tempo real e tomar decisões com base em dados precisos e atuais.
O sistema APS pode fornecer informações detalhadas sobre o progresso da produção em tempo real, enquanto a TOC pode ajudar a identificar problemas ou gargalos que possam surgir.
Dessa forma, a TOC e o APS trabalham juntos para fornecer uma visão completa e integrada do processo produtivo, permitindo que a empresa tome decisões informadas e otimize continuamente a produção para atender às demandas do mercado.
Benefícios da aplicação da Teoria das Restrições
O objetivo da TOC é aumentar o lucro líquido da empresa. Para atingir esse objetivo, essa abordagem propõe um modelo de gestão que se concentra em identificar e melhorar as restrições críticas que limitam o desempenho do sistema.
Entretanto, conforme a TOC era aplicada nas empresas ao redor do mundo, o aumento no lucro não foi a única vantagem percebida. Conheça os benefícios da Teoria das Restrições:
Identificação das restrições
A aplicação da TOC pode ajudar a identificar as restrições do processo produtivo, permitindo que a empresa se concentre nas áreas que precisam de melhorias e otimizações.
Imagine que uma empresa de produção de bens duráveis identifique que sua capacidade de produção é limitada pelo tempo de usinagem em uma determinada máquina.
Com a TOC, ela pode identificar essa restrição e concentrar seus esforços em reduzir o tempo de setup dessa máquina ou investir em um novo equipamento para aumentar sua capacidade.
Aumento da eficiência
A TOC ajuda a otimizar o processo produtivo, maximizando a utilização dos recursos disponíveis e minimizando o tempo ocioso.
Por exemplo, se uma empresa de manufatura identifica que uma de suas linhas de produção está ociosa por causa de gargalos em outras partes do processo, ela pode realocar recursos para essa linha para aumentar sua eficiência e reduzir o tempo ocioso.
Redução de custos
Com uma produção mais eficiente e otimizada, a empresa pode reduzir seus custos e aumentar sua rentabilidade. Ou seja, além do foco da TOC ser em aumento direto de lucro líquido, ela também pode funcionar para reduzir custos.
Na prática, se uma empresa de manufatura identifica que o tempo de espera entre as fases do processo de produção está aumentando o custo final do produto, ela pode investir em soluções para reduzir esse tempo e, consequentemente, reduzir seus custos.
Melhoria da qualidade
A TOC pode ajudar a melhorar a qualidade dos produtos, pois a produção mais eficiente e otimizada reduz as chances de erros e falhas.
Um exemplo seria uma indústria identificar que uma determinada etapa do processo de produção está causando defeitos nos produtos e poder investir em soluções para corrigir esse problema e melhorar a qualidade final do produto.
Redução do tempo de entrega
Com uma produção mais eficiente e otimizada, a empresa pode reduzir o tempo de entrega dos produtos aos clientes, aumentando sua satisfação e fidelidade.
Se uma indústria identifica que o tempo de produção está aumentando o tempo de entrega dos produtos aos clientes, ela pode investir em soluções para reduzir esse tempo e melhorar a experiência do cliente, por exemplo.
Melhoria da tomada de decisão
A TOC fornece informações precisas e atualizadas sobre o processo produtivo, permitindo que a empresa tome decisões informadas e estratégicas.
Se sua indústria utiliza um sistema de TOC para monitorar o desempenho de suas linhas de produção em tempo real, ela pode tomar decisões rápidas e informadas para otimizar a utilização dos recursos disponíveis e melhorar sua eficiência.
Maior flexibilidade
Com uma produção mais eficiente e otimizada, a empresa pode ser mais flexível em relação às mudanças de demanda do mercado. Com isso, adaptando-se rapidamente às novas situações.
Para finalizar os exemplos, se uma indústria utiliza um sistema de TOC para monitorar a demanda do mercado em tempo real, ela pode ajustar sua produção de forma rápida e eficiente para atender às necessidades dos clientes.
A Teoria das Restrições e os buffers de proteção
Buffers de proteção são essenciais para ajudar a gerenciar e lidar com as incertezas e flutuações inerentes aos sistemas complexos, como linhas de produção, processos de negócios e projetos.
Eles funcionam como uma reserva ou amortecedor de capacidade para ajudar a prevenir gargalos, atrasos e outras interrupções na produção ou operação do sistema.
Além disso, eles também podem ser usados para proteger o sistema contra erros humanos, falhas de equipamentos ou outras falhas inesperadas.
Na Teoria das Restrições (TOC),os buffers de proteção são usados em conjunto com a identificação e gerenciamento das restrições do sistema.
Uma restrição é qualquer recurso ou processo que limita a capacidade geral do sistema de produzir produtos ou serviços. Ao identificar e gerenciar a restrição mais crítica, você pode aplicar os buffers de proteção para garantir que essa restrição não seja interrompida ou limitada. Desse modo, permitindo que o sistema funcione de forma mais eficiente.
Os buffers são tipicamente aplicados em três áreas principais em um sistema de produção:
- buffer de estoque
- buffer de tempo
- buffer de capacidade.
Tipos de buffers de proteção
O buffer de estoque é usado para manter um estoque adicional de matéria-prima, produtos semiacabados ou produtos acabados para garantir que haja material suficiente para manter a produção, mesmo se houver uma interrupção inesperada.
O buffer de tempo é usado para adicionar tempo extra ao cronograma do projeto ou processo de negócio para lidar com atrasos e incertezas.
Já o buffer de capacidade é usado para adicionar recursos adicionais ao sistema para lidar com variações e flutuações na demanda.
Em resumo, os buffers de proteção são ferramentas críticas para ajudar a gerenciar a complexidade dos sistemas de produção e negócios. Eles são particularmente importantes na TOC, onde são usados em conjunto com a identificação e gerenciamento das restrições do sistema.
Ao aplicar buffers de proteção de maneira estratégica, os gerentes de operações podem minimizar os gargalos e interrupções. Portanto, permitindo que seus sistemas funcionem de maneira mais eficiente e eficaz.
Agora que você já sabe sobre a teoria das restrições e como aplicar no seu negócio, leia também sobre estes outros temas: